Pelos vistos o pioneiro (a nível mundial) Parque das Ondas da Aguçadora, com tecnologia Pelamis, corre sérios riscos de ir por água abaixo. Ou, por outras palavras, morrer de desidratação na praia...
As três máquinas Pelamis do parque de ondas da Aguçadoura, considerado pelo Governo "uma bandeira" da liderança portuguesa nas energias renováveis, foram retiradas do mar por problemas técnicos e estão "em terra", no Porto de Leixões, há quatro meses.
A primeira das três máquinas Pelamis estava no mar desde 15 Julho, enquanto as outras duas foram retiradas apenas dois meses depois de terem sido colocadas, a 25 e 28 de Setembro. O seu custo ascendeu a nove milhões de euros.
Em declarações à agência Lusa, Rui Barros, da Companhia de Energia Oceânica (empresa do grupo Babcock & Brown, detentor do projecto), disse ter sido detectado um problema recorrente nos casquilhos das articulações dos macacos hidráulicos das três máquinas que motivou a sua retirada de alto mar, onde se encontravam cinco quilómetros ao largo da Aguçadoura (Póvoa de Varzim).
A colocação em alto mar de uma das máquinas Pelamis, em Setembro, foi acompanhada "em directo" por uma fragata da Marinha portuguesa e serviu de pretexto para uma cerimónia de inauguração oficial do chamado parque de ondas da Aguçadoura.
A cerimónia contou com a presença do ministro da Economia, Manuel Pinho, que apontou o projecto como "uma bandeira" da liderança portuguesa nas energias renováveis e "o primeiro projecto no mundo de exploração comercial a energia das ondas para produzir energia eléctrica".
Segundo o responsável, deverá ser necessário cerca de um mês para a substituição dos casquilhos em cada uma das máquinas, após o que estas poderão ser de novo colocadas em posição, em alto mar, para continuação dos testes a que vinham sendo sujeitas.
"Estou convencido que, se não aparecer mais nenhum problema, antes do final do Verão estaremos com as três máquinas totalmente libertas para produção comercial. Mas é tudo se, se, se...", afirmou.
A primeira fase do parque de ondas da Aguçadoura arrancou com uma capacidade inicial de 2,25 megawatts (MW), correspondente às três máquinas instaladas, o equivalente para iluminar 1000 a 1500 habitações. A segunda fase previa, no entanto, um aumento da capacidade para 20 MW e um total de 25 máquinas, o que implicaria um investimento na ordem dos 60 a 70 milhões de euros.
Rui Barros diz que Portugal "perdeu a corrida" pela liderança mundial na área da energia das ondas e o projecto de criação de um cluster a este nível está "seriamente comprometido".
A australiana Babcock & Brown, que lidera o processo, foi seriamente atingida pela crise económica mundial e, para abater dívida, pôs à venda parte dos seus activos para abater, entre os quais o projecto Pelamis.
APREN
18.03.2009 - 12h07 Lusa
A EDP continua "empenhada em manter a liderança na área das energias renováveis" e considera "perfeitamente natural" existirem reveses no processo da energia das ondas, como no caso do parque de Aguçadoura, cujas máquinas estão paradas há quatro meses.
O administrador da EDP Jorge Cruz Morais explicou que o processo da energia das ondas "é algo que ainda está em desenvolvimento" e que "é evidente que existem reveses no processo, o que é perfeitamente natural num processo de investigação como é este caso".
"Neste momento, não estamos ainda perante uma tecnologia completamente estabilizada. As máquinas do Parque da Aguçadoura tiveram um Inverno duro, do ponto de vista marítimo, e vieram para terra fazer algumas reparações, isso não é nada de especial. Não podemos esquecer que isto é um projecto", afirmou o administrador, refutando as declarações de Rui Barros, da Companhia da Energia Oceânica, que considerou estar "seriamente comprometido" o projecto do 'cluster' português da energia das ondas, devido à paragem do parque de ondas de Aguçadoura.
Rui Barros, da Companhia da Energia Oceânica (empresa do grupo de investimento australiano Babcock & Brown) disse estarem há quatro meses paradas no Porto de Leixões as três máquinas fabricadas pelos escoceses da Pelamis com que arrancou o parque de ondas da Aguçadoura, considerado pelo ministro da Economia a "bandeira" da liderança portuguesa neste sector.
"Neste momento está seriamente comprometido" o projecto do 'cluster' português da energia das ondas, considerou Rui Barros, acrescentado que já perdida estará a "corrida" pela liderança de Portugal nesta área das energias renováveis, pois, se o parque de ondas da Aguçadoura era o primeiro do género a nível mundial, "daqui a pouco vai deixar de o ser", concluiu.
EDP negoceia versão actualizada da tecnologia no parque de Aguçadoura
Jorge Cruz Morais garantiu que "a EDP continua empenhada em manter uma liderança na área das energias renováveis e agora, em particular, na energia das ondas" e que a eléctrica portuguesa está a analisar novas tecnologias, nas quais estão já "preparados para investir", estando inclusivamente a negociar com a Pelamis Wave Power para obter a versão II da tecnologia disponível no parque de Aguçadoura.
"Achamos que aquilo que está no mar é um enorme potencial energético do ponto de vista do vento, porque o vento é muito constante e com mais horas do que sopra em terra. Por outro lado, a energia das ondas, que tem um elevadíssimo potencial. Portugal quer ter uma liderança nisso e a EDP quer ter uma liderança nessa área".
"Os projectos em que neste momento estamos empenhados do ponto de vista do mar são os de aproveitamento da energia das ondas, com duas ou três tecnologias, e também o chamado Wind Offshore, em águas mais profundas como são as nossas", explicou o administrador, adiantando que no caso do Wind Offshore está ainda a ser analisada "qual é a melhor tecnologia" para o efeito.
Quando o esforço é genuíno, os resultados também costuma sê-lo.
Um bom exemplo é o reconhecimento, por parte da comunidade inernacional, do esforço que ultimamente tem vindo a ser feito, a nível nacional, para inverter a tendência de utilização de fontes hidrocarbonetadas de energia para a produção de electricidade - como mostra o vídeo da CBC (Canadian Broadcasting Centre): http://www.cbc.ca/mrl3/8752/news/features/durham-portugal081020.wmv. Com cerca de 4 minutos e meio de duração (em inglês, sem legendas em português) mostra a central fotovoltaica de Moura, Alentejo - a maior do mundo -, o Pelamis ao largo da Póvoa de Varzim - o primeiro sistema comercial a nível mundial para obtenção de electricidade a partir do mar - e os parques eólicos do Alto Minho - os que mais têm crescido a nível mundial, e o maior da Europa.
(Os meus agradecimentos ao Jorge Mayer pelo conhecimento da notícia)
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