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Sexta-feira, 1 de Agosto de 2008

Computador com 2200 anos...

Computador da Grécia Antiga previa data dos Jogos Olímpicos, diz pesquisa

Marcador do chamado mecanismo de Anticítera também incluía outras competições gregas.
Calendário decifrado em mostrador do aparelho pode indicar inspiração de Arquimedes.

Reinaldo José Lopes Do G1, em São Paulo, 31/07/2008 - 07h01 - Atualizado em 31/07/2008 - 13h25

A maior revista científica do mundo entrou no espírito olímpico e acaba de revelar o lado esportivo de um misterioso "computador" da Grécia Antiga. O chamado mecanismo de Anticítera, uma engenhoca semi-automática de 150 a.C. que conseguia prever eclipses, também servia para antecipar as datas das Olimpíadas antigas. E fazia o mesmo para uma série de outras competições atléticas que movimentavam o mundo grego naquela época. 

Foto: Divulgação

Os fragmentos do mecanismo, recuperados por mergulhadores no começo do século 20 (Foto: Divulgação)

O achado é relatado por pesquisadores do Reino Unidos, dos EUA e da Grécia na edição desta semana da revista britânica "Nature". E as surpresas vão além do lado olímpico do mecanismo. A equipe internacional também conseguiu decifrar inscrições que mostram um calendário num dos mostradores da parte de trás do aparelho -- e os nomes dos meses poderiam associar o apetrecho a ninguém menos que o filósofo Arquimedes (287 a.C. - 212 a.C.), famoso por criar engenhocas lendárias na Antigüidade. 

Salvo das águas

O mecanismo de Anticítera, batizado dessa maneira impronunciável por causa da ilha entre o Peloponeso (sul da Grécia) e Creta onde foi encontrado, é disparado a maior prova de que os antigos gregos tinham alcançado elevado nível científico e tecnológico. O aparato foi recuperado por mergulhadores em 1901, todo em pedacinhos, e por décadas os arqueólogos foram forçados a especular sobre sua verdadeiras funções. O certo é que havia um sistema sofisticado de encaixes entre engrenagens, que se moviam por meio de manivelas e "marchas", quase como a caixa de câmbio de um carro.

A equipe capitaneada por Tony Freeth, do Projeto de Pesquisa do Mecanismo de Anticítera (Reino Unido), já havia demonstrado, em 2006, que o mecanismo conseguia prever eclipses do Sol e da Lua com antecedência de anos. Bastava mexer os ponteiros de um dos mostradores e olhar para outro para saber a ocorrência dos eventos astronômicos. Agora, Freeth e seus colegas reexaminaram as imagens de tomografia computadorizada que haviam feito de todos os cacos do mecanismo. Com elas, é possível ter uma visão tridimensional muito clara de como todas as partes se encaixavam, e ainda ler as inscrições extremamente tênues nas peças de bronze.

E foi exatamente essa leitura a responsável por resgatar o lado olímpico do instrumento científico. Um dos mostradores do mecanismo de Anticítera é um círculo dividido em quatro fatias, como uma pizza. Nele estão escritos as palavras gregas (todas em maiúsculas): OLYMPIA, NEMEA, ISTHMIA, PYTHIA e NAA, além de uma sexta palavra que ainda não foi decifrada.

Reprodução
Reprodução - Fragmentos do mecanismo de Anticítera com os nomes dos meses (acima) e o mostrador que marcava os antigos jogos gregos, embaixo (Foto: Reprodução)

Em sentido anti-horário, as palavras designam os quatro jogos que reuniam todo o mundo grego. Além dos Olímpicos, temos os Jogos Nemeus e Ístmicos (realizados em Neméia e no istmo de Corinto, respectivamente), que aconteciam a cada dois anos; os Jogos Píticos, que aconteciam perto do grande templo do deus Apolo em Delfos; e os jogos de Naa, uma competição menos importante em Dodona, no noroeste da Grécia. Ou seja, para os pesquisadores o aparelho tinha uma utilidade prática direta na cultura grega da época, que valorizava muito os jogos. O ciclo olímpico de quatro anos também servia para marcar o tempo (dizia-se que Fulano morreu no ano 2 da Olimpíada de número 34, por exemplo).

Meses reveladores

Para prever a ocorrência de uma competição em determinado ano, o usuário da engenhoca só precisava girar um ponteiro num ciclo de 235 meses na parte de cima do mostrador geral. Freeth e companhia agora decifraram essas meses, que levam nomes como "Foinikaios", "Kraneios" e "Apellaios". O detalhe é que as cidades-Estado gregas, que viviam brigando entre si e falavam dialetos diferentes, não usavam todas o mesmo calendário. Os nomes dos meses no mecanismo são de cidades que falavam o dialeto dório e são colônias de Corinto, como Córcira (a moderna Corfu) -- ou Siracusa, na atual Sicília.

E aí vem o pulo do gato. Siracusa era justamente o lar de Arquimedes, um matemático genial e criador, segundo a lenda, de um sem-número de geringonças que pareciam mágicas na época. O mecanismo de Anticítera é "jovem" demais para ter sido criado diretamente por Arquimedes, mas não é impossível que as tradições técnicas ligadas a ele tenham desembocado no aparelho.

sinto-me:
publicado por ehgarde às 14:49
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